Cada música carrega sua história, cada música lembra algo ou cria algo em cada pessoa... Essa é a história das minhas músicas, que podem ser suas, ou não, que podem ser iguais ou não, que podem te fazer feliz ou sofrer lentamente ao lembrar algo, cada um tem uma sensação diferente e única perante uma mesma musica.

A regra deste blog é fácil: Veja a música, coloque-a pra tocar e enquanto a música toca vá lendo o texto. Associe, crie, pense e reflita sobre A MÚSICA DA HISTÓRIA...

sábado, 11 de dezembro de 2010

João e Maria - Chico Buarque (Interpretação II)

sica: João e Maria - Chico Buarque

Ambos estavam ali de mãos dadas, entrelaçadas, como se um necessitasse estar grudado ao outro. Ela estava deitada na cama do hospital, respirando dificilmente através dos aparelhos, mas em nenhum momento largava a mão de seu amado, aquele que como um herói, seu cowboy, tinha um dia a conquistado, e a ensinado o que era o amor, seu primeiro e único amor, ele prometera ser dela para sempre, ela acreditara e dera sua mão em troca. Casaram-se. Viveram. E já velhinhos ele cumpria sua promessa assiduamente e ele fazia isso enquanto dormia na beira da cama, sentado em uma poltrona desconfortável, na espera que seu único amor se recuperasse. Sonhava e lembrava-se da época em que conquistara a mão de sua amada. Sem perceber ele dizia baixinho ao sonhar:

-“Eu era o herói. E o meu cavalo só falava inglês. A noiva do cowboy. Era você... Eu enfrentava os batalhões. Os alemães e seus canhões. Guardava o meu bodoque. E ensaiava um rock para as matinês.”.

E depois da luta e conquista veio sua maior satisfação o sim de sua amada. Ele continuava a falar sozinho, ela se vira e percebe que ele recitava dormindo a sua música preferida.

-“Agora eu era o rei. Era o bedel e era também juiz. E pela minha lei. A gente era obrigado a ser feliz. E você era a princesa. Que eu fiz coroar. E era tão linda de se admirar. Que andava nua pelo meu país.”.

Ele se lembra do dia em que descobre a doença dela, e no quão anseia por não ser verdade, não com sua única razão de viver. Ele acorda e percebe o que dizia e continua a recitar a música, porém desta vez bem baixinho e no ouvido dela:

-“Não, não fuja não. Finja que agora eu era o seu brinquedo. Eu era o seu pião. O seu bicho preferido. Vem me dê a mão. A gente agora já não tinha medo. O tempo da maldade. Acho que a gente nem tinha nascido”.

Ele percebe que ela dormiu lhe dá um beijo na testa, coloca seu casaco e sai pela porta, fecha a porta atrás de si, sai sem rumo e começa a chorar serenamente.

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim.

Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim.

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